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quarta-feira, 26 de julho de 2017

A REALIDADE DIANTE A VELHA INFÂNCIA





Dias atrás quando entrei no elevador do prédio onde trabalho, haviam dois jovens de aproximadamente 20 anos conversando sobre a tecnologia e a definição de imagem dos jogos atuais... empolgados eles falavam entusiasmados com uma certa emoção diante a novidade do mercado sobre o lançamento do novo playstation...um vídeo game altamente desenvolvido...

Pois bem, por alguma razão me levou a lembrar da minha infância, e nos andares seguintes em que o elevador descia subitamente recordei as memórias de quando eu era adolescente, e fiquei impressionado de como eu havia sido feliz e privilegiado com aquela época...

Nossa diversão era ser o herói que pegava aquela pipa cheio de linha, com rabiolas enormes enquanto mais uns dez meninos corriam atrás tentando “vencer” aquela competição, lembrando que naquela época não haviam lojas como as atuais que se compram pipas por um preço que hoje a maioria pode pagar, não era assim, naquele tempo não tínhamos dinheiro e a emoção era conseguir pegar os pipas que caiam literalmente do céu, ou então passar a madrugada fazendo armações e rabiolas para o dia seguinte na época das férias escolares.

Carretéis de linha eram ouro, cerol que passávamos nas linhas corrente eram feitos com vidro moído de qualquer natureza, embora as lâmpadas fluorescentes ficavam uma navalha, adicionávamos cola de madeira, perfume pra não ficar mal cheiroso (sempre ficava), álcool pra grudar melhor na linha uma lata de nescau ou algo parecido e só quando a mãe não estava podíamos aquecer no fogão, pois a casa ficava um horror...e geralmente cortávamos as mãos, mas a sensação de cortar uma pipa no céu era incomparável...e ainda se desse sorte "aparar" e ganhar mais um, nos achávamos ricos...inefável sensação!
Quando as pipas caíam em locais difíceis, meus concorrentes desistiam facilmente, e ali estava meu tesouro e desafio, eu analisava e planejava como chegaria até lá, em altas casas e lugares pouco acessíveis, e quase sempre eu conseguia, ainda que até hoje meus pés doam devido aos pulos de lajes altas que ardia os pés ao tocarem o chão por mais de 2 metros em queda livre... mas isso era viver intensamente e nem nos importávamos.

Também não consigo deixar de citar a emoção de descer uma ladeira íngreme com carrinhos feitos de rolamentos (rolimã) presos no eixo traseiro numa tábua de madeira, sem nenhum tipo de freio e a melhor parte era a competição de quem chegava primeiro ou dava mais cavalos de pau, movimento de girar 360º... invariavelmente o desejo de ganhar fazia com que ao pegar impulsos no asfalto batendo com as mãos na lateral, a roda de aço passava por cima dos dedos deixando-os roxos e doloridos com uma dor quase insuportável, mas quem se importava? Éramos felizes... jogo de bolinhas de gude em terrenos de de chão batido fazendo coleção das bolinhas ganhadas, jogar bola na rua, na chuva até escorregar e chutar o asfalto arrancando a tampa do dedão do pé... brincar de roubar bandeiras, esconde esconde, pega pega, mãe da rua, polícia e ladrão e tantas brincadeiras que nos faziam saudáveis e esguios...hoje a maioria dos adolescentes ficam o dia todo no Facebook, WhatsApp e vídeo game, criando gorduras e vendo a vida passar sem nenhuma emoção real.

A era atual, nunca saberá como era se divertir de verdade, não saberão jamais a emoção de ser livre, de não precisar de celular, de chegar da escola tirar o uniforme e correr encontrar os amigos da rua... foi uma infância maravilhosa, que pena que hoje já não existe mais.

Ainda assim, agradeço por ter vivido essa época de ouro!

Memórias de um adulto que teve adolescência de verdade!

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